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Silenciadas: As Vozes Ausentes na Mídia

 

Como ferramenta, a mídia desenvolve um papel crucial na sociedade ao informar, formar opiniões e construir narrativas sociais. Quando determinadas vozes e narrativas são marginalizadas, isto é, são colocadas em segundo plano diante dos interesses políticos e econômicos que estruturam as instituições de comunicação, a democracia é enfraquecida e a realidade pode ser distorcida, contribuindo para a perpetuação de estereótipos e desigualdades sociais. É fundamental, portanto, que se pense em uma comunicação ampla e inclusiva, potencializando-se esses indivíduos negligenciados e garantindo a eles os seus espaços de direito para (re)contar a história, evidenciando sua existência e quebrando os paradigmas a eles impostos. 

 

Dessa maneira, o Especial deste mês busca, dentro desse contexto, promover a educação midiática tanto para o público em geral quanto para a comunidade acadêmica, visando, através de projetos de extensão da UFPE que dão voz às narrativas marginalizadas, destacar a diversidade social que é constantemente silenciada. Nesse sentido, o projeto Solte sua voz: os invisíveis midiáticos se propõe a contribuir para a democratização da comunicação ao apoiar a disseminação de informações organizadas e distribuídas através de mídias comunitárias e populares. Idealizado pela docente Giovana Borges Mesquita, o projeto está em vigor desde 2018 e conta com a participação dos discentes que cursam ou cursaram as disciplinas Comunicação Comunitária e Mídia e Cidadania no curso de Comunicação Social no Centro Acadêmico do Agreste (CAA/UFPE) e discentes da pós-graduação de Comunicação, assim como dos moradores das comunidades de Caruaru, região para a qual o projeto se volta.

(Instagram, 2024)

Logo do projeto Solte Sua Voz

 

Segundo a professora Giovana, o projeto foi motivado “pelo fato de que, apesar da comunicação ser um direito humano, que deve ser entendido como essencial, como o direito à saúde, à habitação, à educação, apenas cinco famílias controlam metade dos 50 veículos de comunicação com maior audiência do país (MOM, 2017), e, junto com a concentração midiática vem a invisibilidade e a criminalização de algumas minorias”. Assim sendo, a ideia do projeto é ir na contramão dessa mídia hegemônica. Estando 6 anos ativo, o projeto hoje conta com a parceria da Universidade de Brasília para realizar produções voltadas para os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) no intuito de romper as barreiras da desinformação em saúde.

 

Além disso, o projeto incentiva os discentes extensionistas para que produzam seu próprio material voltado para a temática da desinformação. Um deles foi a premiada radionovela “Picada do ódio: a picada que ninguém gostaria de sentir na pele”, realizada em parceria com assentados e assentadas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Quando perguntamos sobre o impacto da radionovela, a professora Giovana relatou que, graças ao material informativo sobre Chikungunya e Zika, a população local mudou sua postura em relação à prevenção das doenças. Isso mostra como um projeto focado em alcançar diferentes esferas da sociedade pode garantir um impacto positivo.

 

(Instagram, 2022)

Solte Sua Voz ganha Prêmio Expocom do Intercom Nordeste, 2022.

 

Outro projeto que democratiza os espaços midiáticos é o podcast INclusive, elaborado pelo Laboratório de Design Inclusivo (LabDIn) do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da UFPE. Com o objetivo de compartilhar conhecimentos sobre a realidade das pessoas com deficiência, especialmente no que diz respeito a projetos e pesquisas que abordem a diversidade dos usuários, para o público em geral, o podcast traz entrevistas e conversas com profissionais de várias áreas. Nesse sentido, o INclusive dá destaque à abordagem de assuntos que tenham como foco as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, trazendo reflexões e informações sobre os direitos, a história, a independência e a plena participação dessas pessoas na sociedade. Os episódios da ação são divulgados através das redes sociais do LabDIn, como o Instagram (@labdin.caa.ufpe), o Spotify e o Youtube. 

 

(Equipe do projeto, 2024)

Logo do projeto Podcast INclusive

 

O Laboratório de Design Inclusivo (LabDIn), responsável pelo projeto, atua há cinco anos como produtor de estudos, pesquisas e tecnologias assistivas, contribuindo, dessa forma, para uma educação de qualidade e para a disseminação de notícias e projetos importantes para a sociedade, como o INclusive. Em um país onde 18,6 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência (IBGE, 2022), o LabDIn se mostra um exemplo a ser seguido pelas grandes produtoras midiáticas que acabam por marginalizar ou excluir essa parcela da população.

 (Equipe do projeto, 2024)

Entrevista do INclusive, 2024

 

Esses e outros projetos da UFPE, dedicando-se a amplificar as vozes marginalizadas na mídia, desempenham um papel fundamental na promoção da diversidade e da inclusão, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Ao transformar as narrativas sociais, essas iniciativas possibilitam a construção de novas representações, desafiando estereótipos e promovendo a visibilidade de grupos historicamente marginalizados. Com isso, a Universidade Federal de Pernambuco mostra seu compromisso e sua preocupação com as vozes que frequentemente estão ausentes nos espaços sociais, oferecendo possibilidades para que aconteça o fortalecimento e o desenvolvimento de ações e pesquisas que ampliem o debate da causa e deem visibilidade às pessoas silenciadas. 

 

Para saber mais:

Data da última modificação: 09/12/2024, 09:45